La Traviata

12 de Junho

cartaz latraviatta

12 de junho, às 19h

O Programa Ópera Curta, da Secretaria de Estado da Cultura, apresenta: La Traviata que é uma das mais conhecidas óperas de Giuseppe Verdi é um título emblemático da história da ópera.

“O espetáculo foi construído tendo como referência a novela A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho e a ópera La Traviata, do compositor italiano Giuseppe Verdi e do libretista Francesco Maria Piave” – comenta Rosana Caramaschi, diretora artística de produção da Casa da Ópera. “Na ópera, Violetta Valèry, uma cortesã parisiense, apaixona-se por Alfredo e deixa tudo indo morar com ele no interior. O pai do jovem, Giorgio Germont, a convence a abandoná-lo para preservar a honra de sua família e, com isto, garantir um bom casamento para a irmã de Alfredo. O casal se separa e, ao final, consumida pela tuberculose, Violetta morre nos braços de Alfredo recém retornado a Paris. Com estes elementos, criou-se um espetáculo que conta esta história, preservando as principais árias e duetos da ópera, os detalhes da novela original e um pouco da imaginação do autor”.
“Este foi um trabalho muito interessante” – pontua Cleber Papa, diretor do espetáculo, cenógrafo e autor do texto. “Desde o início, tínhamos a visão de que durante o século 20, houve um afastamento dos conceitos criativos da origem da ópera e o título foi aos poucos mascarado, passando a ser enxergado como uma linda e dramática história de amor entre uma jovem cortesã, rica, linda e inteligente e um jovem herdeiro de uma família tradicional, aristocrática. Assim apresentado, esquece-se completamente dos motivos que levaram à censura da ópera à época, obrigando seus criadores a mudar o período, a promover alterações do texto. As elites do século XIX não queriam ser o modelo para aquele retrato de uma sociedade promíscua. Transformar esta história num romance entre dois jovens, separados pela família do rapaz e a morte da garota por conta da tuberculose – doença comum no período – não foi uma coisa difícil nos anos seguintes”.



Ainda segundo Papa, “a estratégia conceitual propõe-se oferecer à plateia uma visão objetiva das relações entre os personagens, provocando nos expectadores a reflexão a respeito dos seus próprios sentimentos e a maneira complexa como a prostituição é vista ainda hoje, sem perder de vista, é claro, o objetivo de contar a história da ópera”.
A questão central passa a ser a reciprocidade do amor de Violetta e Alfredo sob o ponto de vista do pai do rapaz e sua rejeição preconceituosa à vida de Violetta. Amor e preconceito andam juntos e são temas permanentes ainda hoje.

La Traviata, a ópera contada e cantada, foi construído para que a história seja contada por um novo personagem (não está na ópera, nem na novela A Dama das Camélias que deu origem ao libreto): o Pintor.
“O Pintor é um observador externo” – comenta Papa. “Várias pessoas poderiam contar esta história. O trabalho dos pintores exigia certa intimidade com seus modelos e é natural que destas relações surgissem laços que se manteriam até a entrega da obra pelo menos. A opção pelo Pintor aproveita esta proximidade tão grande que permite a idealização de um instante de uma personalidade a ser capturada no quadro. Quando Germont (o pai de Alfredo), numa das muitas citações do texto teatral, fala de Manon Lescaut, diz que “a vida imita a arte e a arte imita a vida”. De certo modo, faz uma referência ao Pintor e ao enigma sobre o conteúdo de sua pintura”.
Com a pintura sempre presente através de inúmeras citações, La Traviata – a ópera contada e cantada é um espetáculo em preto e branco, onde a cor é o elemento de choque, de fuga da realidade, da fantasia, do idílio, da esperança, da expectativa de futuro, da vida em harmonia.

“Cenários e figurinos são preto e branco numa palheta em que predominam os tons derivados do preto”, acrescenta Papa. “Estamos buscando com este conjunto (cenários, figurinos e caracterização) um novo conteúdo estético onde a luz é predominante. A luz é forte, dura. Quando a cor aparece nos lábios de Violetta, ou num laço, num objeto, no jardim primaveril, ela é incisiva, provocadora. O tema da Traviata não é ultrapassado. Pelo contrário, ainda hoje as relações de amor entre um homem qualquer e uma prostituta são objeto de preconceito.”

“Normalmente a ópera é executada com orquestra e com piano em formatos de câmara” – comenta o Maestro Luís Gustavo Petri, diretor musical do espetáculo. “Neste espetáculo, ao optar por um quinteto de cordas para executar a música ao vivo, minha decisão foi a partir do refinamento que as cordas sugerem ao trabalharem determinadas sutilezas sonoras que estão presentes na partitura original de Verdi e que, a meu ver, são absolutamente necessárias para expressar as angustias, temores e relações entre os personagens do espetáculo. A introdução musical de Germont na privacidade de Alfredo e Violetta é reveladora da força das cordas, por exemplo. Além disto, as várias fases da vida dos personagens são potencializadas musicalmente pelas cordas. Ao escrever as transcrições, procurei respeitar o universo musical verdiano sem concessões e também estabelecendo mecanismos de apropriação simbólica próprios do espetáculo que estamos realizando”.

Com estas caraterísticas, La Traviata – a ópera contada e cantada oferece uma visão abrangente da ópera e, permite conhecer a fundo, como diz o Pintor numa das cenas do espetáculo, “a perturbada história de Violetta Vallery, a mais linda mulher que conheci”.

Ficha Técnica

Direção, Dramaturgia e cenografia – Cleber Papa
Direção musical e arranjos – Luís Gustavo Petri
Direção artística de produção – Rosana Caramaschi
Concepção: Cleber Papa e Rosana Caramaschi
Violetta Valéry –Taís Bandeira/ Manuela Freua
Alfredo Germont – Gilberto Chaves / Caio Duran
Georges Germont – Pepes do Valle
Pintor – José Maria Cardoso
Design de Luz – Joyce Drummond
Legendas – Marina Gimenez
Músicos –  Ulisses Nicolai (Violino 1), Ricardo Sanzine (Violino 2),Margareth Yahagi (Viola), Rossana Nicolai (Cello), Pedro Macedo (Baixo)
Bailarino – Mário Talarico